Quase 20% dos católicos do mundo vivem no continente africano. Em 2023, havia 281 milhões de católicos na África. Em Zóbue, localidade de Moçambique, na província de Tete, a Canção Nova realiza a sua missão e leva o Evangelho de Cristo a este povo tão marcado pela simplicidade e alegria.
“A Canção Nova é uma obra de Deus para os tempos de hoje, e ela tem uma contribuição específica para a Igreja e para o mundo. Ela é um desígnio de Deus para estes tempos.” Essas palavras do fundador da Canção Nova, Padre Jonas Abib, contextualizam a expansão do carisma Canção Nova a lugares longínquos e confirmam que esta obra existe para a Igreja.
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Ardor e dedicação à evangelização na África
Atualmente, quatro missionários compõem a missão da Canção Nova na África: um padre e três leigas consagradas. O trabalho missionário consiste em animar e conduzir o povo de Deus que está na Paróquia Nossa Senhora da Imaculada Conceição, que atende 43 comunidades. Além dos trabalhos paroquiais próprios, a missão também promove retiros, a exemplo do Maranatha e do Encontro para mulheres. Em todos os fins de semana, mais de 800 crianças são acolhidas no oratório. Tudo é realizado para cumprir a missão da Canção Nova: evangelizar, formando homens novos para o mundo novo.
Na África, o maior apostolado da Canção Nova é feito diretamente com as pessoas, por meio do contato pessoal e direto com o povo. Mais do que a evangelização com os meios de comunicação, que também é efetiva, a evangelização “tu a tu” – como dizia Padre Jonas – é a oportunidade de levar Cristo e Seus ensinamentos a esse povo que lhes foi confiado pelo próprio Deus.
A semente que fecundou
Em agosto de 2019, o Senhor derramou sobre a Canção Nova uma graça nova: a abertura da frente de missão em Zóbue, na África.
Desde março de 2018, padre Ademir Costa e o ainda seminarista, Lucas Paulino se apresentaram no continente africano. Ali, eles iniciaram um período de imersão missionária em Moatize, cidade da província de Tete, em Moçambique, junto aos salesianos. O trabalho dos missionários era realizado na Rádio Dom Bosco e na paróquia São João Batista. Em abril do mesmo ano, a pedido do Administrador Apostólico, padre Sandro Faede, e o mediador, padre Marco Biaggi (salesiano), os missionários retornam à Diocese de Tete para verificar as possibilidade de, ali, abrir uma frente de missão da Canção Nova.
Em meados de 2019, a Comunidade Canção Nova assumiu os trabalhos pastorais do Santuário de Nossa Senhora da Imaculada Conceição de Zóbue. Há mais de 40 anos, a comunidade não contava com a presença de um sacerdote que residisse ali. Desde então, os missionários atuam nesta paróquia e nas aldeias vizinhas, nas diversas atividades pastorais: missas, confissões, batizados, celebração do sacramento do matrimônio e oratórios.
“Eu sou um novo homem depois da África”
Pedro Henrique Silva Sousa tem 34 anos e é missionário da Comunidade Canção Nova há sete anos.
“Saí da formação inicial da Canção Nova já com aquele desejo de ir para a África, porque sentia que era a vontade de Deus para mim.” Durante quase três anos, ele viveu na missão da Canção Nova em Zóbue.
Durante o tempo em que esteve em missão na África, ele se empenhou em levar ao povo africano mais do que o insumo espiritual, e levou também o material, por ter em vista a grande pobreza na qual essa população está imersa. “Esse povo vive da agricultura. Quando há seca, há fome.”
Assim, Pedro, junto com a missão, estruturou e proporcionou cursos profissionalizantes de corte e costura, eletricidade básica e construção civil básica para o povo de Deus pertencente à Paróquia Nossa Senhora da Imaculada Conceição e suas comunidades.
“Fomos a uma missão em que a Igreja não tinha paredes. Era coberta com palha. Alguns cabos seguravam a palha, mas não havia nada que a protegesse. Na hora da comunhão, um ministro ficava próximo, protegendo a Eucaristia, para que as partículas não se espalhassem. Quando fomos almoçar, as pessoas serviram-nos Coca-Cola. Sabíamos que ali não havia nenhum lugar por perto que pudesse vender este tipo de produto. Eles não tinham veículos para ir. Eles talvez tenham andado o dia inteiro para comprar na loja mais próxima, só para nos acolher bem. Quando oferecemos para que também tomassem, não aceitaram. Disseram que “o alimento de que mais precisavam, nós já havíamos levado, que era o alimento espiritual”.
Os desafios enfrentados
Um dos grandes desafios na vida do Pedro durante seu tempo em Zóbue foi a saúde. A malária na África é um problema de saúde pública grave. Ele foi infectado pela doença cinco vezes. Na última vez, em visita ao Brasil, teve um diagnóstico tardio e, como consequência, agravou-se o seu quadro. Precisou ser entubado e foi desenganado pelos médicos.
“Toda a Comunidade Canção Nova rezou. Fez-se um grande movimento de oração. Graças a essas orações, hoje estou vivo, para a honra e glória de Jesus Cristo. Foi uma grande graça que ganhei: ver que tudo pode ser mudado pela força da oração.”

Pedro Henrique, missionário da Canção Nova, em missão na África
Evangelização sem fronteiras
Quando a Canção Nova recebeu seu Reconhecimento Pontifício da Santa Sé, em 2008, a cofundadora da Comunidade, Luzia Santiago, afirmou, naquela oportunidade em que era aprovada pela Santa Igreja, que não havia mais fronteiras para esse carisma.
“Com o reconhecimento, a Igreja nos dá liberdade para evangelizar em todos os lugares aos quais formos convidados ou a que Deus nos conduzir. Não mediremos esforços para levar a Palavra de Deus a todos os confins da Terra. Nossa missão tende a crescer ainda mais agora, visto que a messe é muito grande! Onde houver possibilidade técnica e recursos financeiros, seguiremos para lá. Não existem fronteiras para a Canção Nova!”
O trabalho de evangelização da Canção Nova é vasto e se espalha cada vez mais pelo mundo.
“Como consagrados na missão de evangelizar, queremos ser incansáveis, já que a Igreja nos ensina que basta começar, pois Jesus, como o primeiro, nos dá a lição: “Ide pelo mundo inteiro e anunciai a Boa-Nova a toda criatura” (Mc 16,15).