O hábito da Canção Nova é o sorriso

O hábito da Canção Nova é o sorriso. É ele que nos diferencia, nos torna únicos. Não usamos roupas diferentes. Não existe outro sinal externo que nos distinga, a não ser este: nosso sorriso.

Talvez você já tenha se perguntado: por que as freiras, padres e missionários usam roupas “diferentes”? Túnicas, vestes, crucifixos, escapulários, véus. Estas “roupas e adereços diferentes” são chamadas de hábitos. Muitas são as novas comunidades e congregações religiosas que se utilizam deles. Eles são elementos visíveis que seus membros utilizam para expressar sua pertença e consagração a Deus, por meio daquela ordem ou carisma específicos. 

Os hábitos expressam a pertença e consagração de algum religioso a Deus, por meio daquela ordem ou carisma específicos.

Por que a  Canção Nova não usa nenhum sinal?

Nos inícios da Comunidade Canção Nova, muitas pessoas questionaram a respeito de termos um hábito, algo que, externamente, nos caracterizasse. Isso devido à nossa semelhança no modo de viver das ordens e congregações religiosas. Padre Jonas, fundador da Canção Nova, desde o princípio foi contrário ao uso do hábito religioso ou qualquer outro sinal. 

“Não vamos usar um sinal? Um tau? Um cordão? Um cruxifixo” Alguns missionários perguntavam. Mas o desejo do Padre era que nada nos tornasse visivelmente diferente do povo de Deus, do comum do povo, exceto um único “hábito”: o sorriso.  Claro, não só o sorriso por si só. Não um sorriso vazio, falso. Não é só mostrar os dentes. Mas sim o sorriso de quem é verdadeiramente feliz e alegre por ter feito sua escolha de vida por Deus. O sorriso de quem confia em Deus. O sorriso de quem coloca a sua esperança Nele.

Isso não é falsidade ou mentira, e sim viver no Espírito. Muitas pessoas que vinham ao encontro dos membros da Comunidade admiravam seu sorriso e eram movidas a afirmar que o sorriso era uma característica daqueles que eram “Canção Nova”. Este é, portanto, o nosso hábito: o sorriso. É ele quem nos caracteriza e nos diferencia dos demais. Foi Deus quem quis assim. Deus nos deu este hábito.

Padre Jonas diz que o sorriso é a forma mais linda de acolher, seja quem for a pessoa. Assim,  a pessoa se sente amada, reconhecida, valorizada. O sorriso também é o nosso testemunho de que somos felizes por pertencemos ao Senhor, de sermos seus por inteiro. E, mesmo em meio às dificuldades, somos chamados a manter um semblante sereno, próprio daqueles que confiam em Deus.

A graça do sorriso 

Padre Jonas, mesmo antes de fundar a Comunidade Canção Nova, já havia sido visitado por Deus por uma experiência com um sorriso. Seu sorriso não era natural. Ele se via carrancudo, com o semblante fechado. Mas foi contagiado pelo sorriso, pela alegria que transborda. Assim, ainda no seminário, pediu a graça a Deus de um sorriso verdadeiro. 

Então, embora eu fosse intelectualmente dotado, não era uma pessoa simpática. Quando eu já estudava Teologia, numas férias, durante um curso de canto gregoriano, passou por lá o Guedes, que era já padre, e reparei no sorriso dele. E eu, com a mesma ousadia de menino, pedi: — Senhor, não posso ser uma pessoa carrancuda. Peço-vos a graça de um sorriso como o do padre Guedes. Pedi, e não posso negar: Deus me atendeu.

Padre Jonas era consciente das suas limitações, mas, mais do que isso, confiava Naquele que tudo podia. Soube pedir, e o Senhor o concedeu. Seu sorriso testemunhava seu temor a Deus, sua esperança e entrega a Ele.  É preciso acreditar no poder de Deus.

O sorriso do Padre Jonas foi uma graça dada por Deus. Foto: Arquivo CN

A alegria é o hábito de quem confia em Deus

No livro do Eclesiástico, em seu capítulo 30, versículo 22 e seguintes, diz: “Não entregues tua alma à tristeza e não aflijas a ti mesmo com tuas preocupações. A alegria do coração é a vida da pessoa, tesouro inexaurível de santidade, a alegria da pessoa prolonga-lhe a vida. Tem compreensão contigo mesmo e consola teu coração; afugenta para longe de ti a tristeza. A tristeza matou a muitos e não traz proveito algum; o ciúme e a raiva abreviam os dias, como a preocupação traz a velhice antes do tempo. Um coração luminoso e bom está num contínuo festim; seus manjares são preparados com capricho.”

A alegria do coração, que transborda no sorriso, não significa ausência de tristeza ou dificuldades. Muitas são as tribulações e desafios que decorrem da vida missionária. Elas acontecem por permissão de Deus. Ser alegre não diz de anulá-las, mas de superá-las, na confiança em Deus. Ele é o Deus das vitórias. É daí que brota o nosso sorriso: somos de Deus, o vencedor de todas as batalhas. São João Bosco dizia que o demônio não resiste a pessoas alegres. São Josemaría Escrivá disse: “um conselho, que vos tenho repetido até cansar: estai alegres, sempre alegres. – Que estejam tristes os que não se considerem filhos de Deus.

Caminhamos muito bem, lado a lado com Cristo, bendizendo Seu nome, até surgir a doença, o tormento. Nessa hora as nossas emoções, nossos afetos, nossos medos falam mais alto. A insegurança toma conta de nós e a ansiedade nos envolve. A alegria é a força motriz que nos impulsiona para Deus. Ela é a energia do Senhor, dada pelo próprio Espírito Santo, que faz afugentar a tristeza, restabelecendo em nós, a confiança e a esperança no próprio Deus. Ele nos acompanha e nunca nos abandona.

Somos chamados, enquanto consagrados a Deus, no carisma Canção Nova, a testemunhar a alegria verdadeira: o próprio Cristo e a vida nova que Ele nos trouxe. 

Este hábito é o sinal visível dos vocacionados ao carisma Canção Nova, mas também precisa ser um sinal para todos aqueles que professam sua fé em Deus. O sorriso e a alegria precisam nos fazer vigilantes diante das situações, para que, frente às contrariedades, não sejamos arrastados pelo mau humor, pela crítica e pela tristeza. Decidamo-nos, portanto, a fazer o bem, a amar, a acolher e a sorrir!

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