Celibato para o reino dos céus: da intimidade à comunidade

Agosto é o mês das vocações. De domingo a domingo, a Igreja no Brasil se dedica a refletir sobre a riqueza do chamado de Deus aos seus para o serviço à Igreja: as vocações sacerdotal, matrimonial, vida consagrada e vocação leiga. Celebrando tais vocações, os fiéis católicos também se colocam em intercessão por cada um destes chamados, pedindo ao Senhor que prepare Seus filhos para aceitar e cumprir o chamado feito por Ele.

Passados os dois primeiros domingos, debruçaremo-nos nesta hora sobre a vocação à vida consagrada. Esta vocação é celebrada no terceiro domingo do mês das vocações pelo fato de que no dia 15 de agosto celebra-se o dia da Assunção da Virgem Maria aos céus e todo aquele que consagra a sua vida a Deus, o faz por inteiro, da mesma forma que Nossa Senhora fez em sua vida.

Na Canção Nova esta vocação se realiza no celibato para o reino dos céus. Padre Jonas Abib, fundador da Canção Nova, diz nos documentos internos da Comunidade que por ter um coração indiviso, o celibatário torna-se capaz de um amor universal. Ele é, portanto, chamado a ter um coração dilatado como o de Jesus, onde existe espaço para todos os irmãos. 

Celebração do Compromisso Definitivo de Edcleide, missionária da Comunidade Canção Nova

Mas afinal, o que é o celibato para o reino dos céus?

O celibato é dom concedido por Deus à pessoa que se entrega por inteiro e de modo radical, de corpo e alma, à causa do reino.  Assumem, de forma definitiva, o celibato pelo Reino dos Céus os que consagram totalmente a sua vida a Deus e, por isso, renunciam ao casamento.

O celibatário sente em si uma real necessidade de intimidade com Deus e, por isso, busca estar profundamente com Ele, anseia por ouvi-Lo, por colher Suas inspirações e no seio da vida comuntário, ser este canal da Voz e da manifestação do Senhor.

Portanto, o celibatário vive sua vida em relação com os outros e não de forma solitária. Ele vai ao encontro dos irmãos, levando esperança, alegria e confiança, apontando sempre para o centro: o Cristo.

Confunde-se quem acha que celibato e castidade são sinônimos. Por mais que estejam diretamente ligados, o celibato corresponde a um estado de vida, enquanto a castidade é uma virtude que eleva e integra a sexualidade no amor. Todos são chamados a viver a castidade, mas nem todos ao celibato.

Como se dá o discernimento à vocação celibatária dentro do Carisma Canção Nova?

O caminho de discernimento para este estado de vida envolve três anos de formação, durante os quais são feitos compromissos temporários. Depois disso, o membro da Comunidade torna-se um celibatário definitivo, passando para o processo de formação permanente. Dentro dela, convive com seus irmãos, exercendo a paternidade e a maternidade espiritual.

O celibatário é convidado a viver na expectativa da vinda do Senhor e ajudar as pessoas a se prepararem para ela, dentro da intercessão profética para o fim dos tempos”, diz Priscila Graziela, celibatária desde o ano 2014 e missionária da Comunidade Canção Nova há 25 anos, sendo hoje a responsável pelo Núcleo de Celibatários da Canção Nova.

O Núcleo de Celibatários elabora conteúdos formativos mensais para os celibatários nas diversas dimensões: humana, espiritual, missionária e espiritual. Tudo isso para que este consagrado, renovado no ardor pela missão e pela sua vocação, se prepare para os desafios próprios que dela decorrem.

A vida no celibato é, portanto, a vivência do amor, orientada diretamente para Cristo, mas através da comunidade. Assim, o celibatário é chamado a amar os filhos de Deus como o próprio Jesus ama.